18 de abril de 2024

Depois - Stephen King

Finalmente li um livro de Stephen King. Na verdade, não consigo entender muito bem como é que não li nada dele mais cedo, mas como nisto dos livros tudo tem o seu tempo, acredito que chegou a altura de conhecer a vasta obra do autor, da qual até agora só tinha conhecimento através dos vários títulos adaptados ao cinema e televisão, pois curiosamente vejo praticamente tudo o que são adaptações dos seus livros.

Começo pela apresentação, para quem ainda não o conhece.

Stephen King nasceu no Maine, nos Estados Unidos em 1947. Criado exclusivamente pela mãe, cedo mostrou talento para a escrita, chegando mesmo a manter uma coluna no jornal da Universidade do Maine enquanto frequentava a licenciatura em Inglês com especialização em ensino, que haveria de terminar com distinção. Tem três filhos, resultantes do seu já longo casamento com a também escritora Tabitha Spruce. Conheceram-se enquanto colegas, sendo que ambos frequentaram a mesma universidade.


O Livro

Publicado em 2021 com o título original Later, nele vamos conhecer James, um rapazinho quase igual a todos os outros, não fosse a capacidade de ver pessoas mortas. Mas não qualquer pessoa, tem que ter morrido recentemente e por vezes nem ele próprio é capaz de as distinguir dos vivos. Quem não gosta que se saiba desta "capacidade" é a sua mãe, sucede é que  Liz Dutton a detetive do Departamento da Polícia de Nova York com a qual vive um relacionamento, precisa de desvendar um crime e vai procurar a ajuda de James. Estará o rapaz à altura do que lhe é proposto?

A Minha Opinião

Embora pareça à partida um tema pesado e algo angustiante, a forma como a história  é contada torna a leitura leve e nalguns pontos até divertida. Tinha receio de encontrar algo mais perturbador, daí ter vindo a adiar sucessivamente a leitura, mas tive uma grata surpresa. Neste caso a leitura é leve, não posso dizer que vá sentir o mesmo noutros livros do mesmo autor, mas para já despertou-me a vontade de procurar mais títulos.

14 de abril de 2024

Trancoso

Muito embora Trancoso tenha sido elevada a cidade em 2004, faz parte da lista de Aldeias Históricas de Portugal, a rede que contempla uma série de lugares no centro do país, preservados devido ao seu legado histórico e patrimonial. É sede de concelho e pertence ao distrito da Guarda.

Trancoso recebeu carta de foral nos tempos de D. Afonso Henriques e seria D. Dinis o responsável por mandar erguer as muralhas que protegiam o burgo original. Esta terra localizada em zona de planalto entre a Serra da Estrela e o Vale do Douro onde conviveram pacificamente cristãos e judeus, foi palco de conflitos no séc. XIX, por alturas das Invasões Francesas e nas lutas entre liberais e absolutistas. Como muitas terras em redor, por aqui passaram diversos povos e dada a sua localização geográfica, pensa-se que passaria nas proximidades a via romana que ligava Mérida a Braga, sendo portanto um local muito frequentado pelos viajantes desde a antiguidade.

Nos dias de hoje, Trancoso mantém uma grande atividade. Dentro de muralhas encontramos vestígios históricos de real importância e fora das muralhas a cidade desenvolve-se, havendo já registos de uma certa modernidade. Visitei no inverno mas sei que no verão é uma terra muito colorida e alegre, com flores que adornam as suas ruas.

Aldeias Históricas de Portugal


As muralhas do castelo




Aldeias Históricas de Portugal

Castelo de Trancoso




Aldeias Históricas de Portugal
A muralha que cerca a zona antiga da cidade

E assim chegamos ao fim desta série de incursões pelas doze Aldeias Históricas de Portugal. Fiz a primeira volta há dois anos e agora tive oportunidade de conhecer as seis que faltavam. Se tiverem interesse, leiam o que escrevi sobre cada uma delas e para facilitar a tarefa, deixo aqui os links para os respetivos posts.

Almeida                       
Belmonte                                                       
Castelo Mendo
Castelo Novo
Castelo Rodrigo
Idanha-a-Velha
Linhares da Beira
Marialva
Monsanto
Piódão
Sortelha

Obrigada por me acompanharem.


10 de abril de 2024

A Rapariga da Cabana

O primeiro thriller escrito por Romy Hausmann deu logo imenso que falar. Romy nasceu na antiga Alemanha Oriental em 1981 e cedo revelou a sua aptidão para a escrita. Aos 24 anos morava em Munique, onde era editora-chefe numa produtora cinematográfica. Agora, tem já diversos livros publicados mas até ao momento apenas A Rapariga da Cabana está traduzido em Portugal.



O Livro

Lançado em 2021 com o título original Liebes Kind, tornou-se desde logo um caso sério de sucesso. 

Uma jovem é raptada e mantida em cativeiro durante largos anos. Hannah consegue fugir da cabana e do seu agressor e logo é notícia que a estudante que havia desaparecido anteriormente fora encontrada. Mas a história não é assim tão simples e o pai da jovem que entretanto teve dois filhos na cabana no meio da floresta vai fazer de tudo para encontrar explicações para o tanto que ficou por esclarecer.

A Minha Opinião

Aqui está um verdadeiro triller para apreciadores do género, tal como eu. Dos melhores que li nos últimos tempos. Com uma escrita frenética e envolvente, vamos conhecendo versões da história através das  palavras dos vários intervenientes e temos ainda acesso às notícias publicadas nos jornais. Quando julgamos ter compreendido o mistério, novas informações e pistas vêm confundir ainda mais o leitor, aguçando a curiosidade que só fica satisfeita no final do livro.

Entretanto foi feita uma adaptação do livro para uma série de seis episódios da Netflix. Ainda não vi, mas espero que esteja pelo menos à altura do livro. Alguém aqui já leu ou viu a série? 

5 de abril de 2024

Marialva

A aldeia de Marialva fica a cerca de 7 km de Mêda, sede de município, no distrito da Guarda e, tal como outras aldeias circundantes, também foi habitada desde tempos longínquos, encontrando-se registos que remontam ao séc VI a.C. quando os Túrdulos ali fundaram a Cidade de Aravor, próximo do local onde hoje consta a zona de Devesa. Outros povos se lhes seguiram, até à vinda dos Romanos que chamariam Civitas Aravorum ao local, expandindo a área e atribuindo-lhe uma maior importância dada a localização estratégica que detinha. Mais tarde seria a vez dos mouros, na tentativa de alargar o território para norte do Mediterrâneo, que tomariam o local e lhe chamariam Malva. D. Fernando, rei de Leão conquistou a povoação em 1063 alterando-lhe o nome para Marialva e por estabelecimento de acordo passaria para as mãos de D. Afonso Henriques e, por conseguinte, viria a ser integrada no reino de Portugal, tendo recebido o primeiro foral em 1179.

Marialva fica situada numa encosta na margem esquerda da Ribeira de Marialva. O núcleo da aldeia ou Cidadela situa-se entre muralhas, havendo uma área exterior a chamada zona de Arrebalde e contínua a esta, a área da Devesa. Toda esta estrutura dá forma à aldeia, prolongando-a encosta fora.

Aldeia Histórica de Portugal

Hoje, Marialva faz parte da rede de Aldeias Históricas de Portugal e celebra com satisfação e orgulho a sua identidade, sendo um autêntico museu a céu aberto, onde se podem encontrar vestígios de outros tempos e de diversas culturas. São várias idades representadas em monumentos ao longo da aldeia.

Cruzeiro - séc. XV

Aldeias Históricas de Portugal
Capela de N. Srª de Lourdes / S. João Baptista

No núcleo da aldeia, a Cidadela, impressiona pelos importantes monumentos que aí vamos encontrar.

Aldeias Históricas de Portugal
Vestígios da antiga cadeia, da Casa dos Magistrados, Torre do Relógio (esq.) e Torre da Relação (dtª.)

Aldeias Históricas de Portugal
Pelourinho quinhentista e vestígios da cisterna em frente

Aldeias Históricas de Portugal
Igreja de santiago e Capela do Senhor dos Passos

Aldeias Históricas de Portugal
Enquadramento com a Capela e a Torre de Menagem

Aldeias Históricas de Portugal
Igreja de Santiago

Aldeias Históricas de Portugal

Por isto tudo, vale a pena tirar umas horas e vir até aqui. São caminhos sossegados, onde o silencio é interrompido apenas pelo som dos passarinhos e onde o tempo parece não passar. Espero que tenham gostado desta voltinha por mais uma aldeia e que tenham oportunidade de a vir conhecer.




1 de abril de 2024

Castelo Rodrigo

Hoje volto ao tema das Aldeias Históricas de Portugal com a bonita aldeia de Castelo Rodrigo que do alto da Serra da Vieira e em plena região de Riba-Côa nos transporta para épocas antigas tão ricas do ponto de vista histórico.

Por ali passaram muitos povos que habitaram a Península Ibérica, há vestígios que remontam ao Período Paleolítico, pelo que esta região hoje pertencente ao distrito da Guarda, teve sempre um caracter importante na dinâmica das populações. Os Romanos habitaram por aqui, os Muçulmanos conquistaram temporariamente o território, mas terá sido na Idade Média, que Castelo Rodrigo mostrou ser uma local de grande importância para o estabelecimento das fronteiras terrestres do nosso país. Já falei no Tratado de Alcanizes que em 1297 veio pôr fim à disputa territorial que se fazia sentir entre a coroa portuguesa e o Reino de Leão. Depois, D. Dinis viria a conceder carta de foral a Castelo Rodrigo, confirmando a sua importância estratégica. Hoje esta bonita localidade mantêm a traça medieval, rodeada por muralhas e com vestígios do castelo e do Palácio posteriormente erguido e ainda outros elementos históricos de épocas que lhe sucederam. Venham daí!


À entrada



Ruínas do castelo

Aldeias Históricas de Portugal



Existiu um palácio contiguo que terá sido destruído por revolta popular, mas do qual ainda é possível ver uma das entradas.

Porta Monumental do Palácio XVI

Igreja Matriz

Pelourinho quinhentista

Dada a importância que Castelo Rodrigo teve na Restauração da Independência em 1640, foi erguido o Padrão que homenageia as suas gentes combativas.

Padrão da Restauração

Vista do alto da Serra da Vieira

Toda esta região respira hoje tranquilidade e se por um lado estamos na presença de uma verdadeiro museu a céu aberto, também não podemos ficar indiferentes a tanta beleza natural envolvente. Com o rio Côa a passar próximo e numa zona bastante agrícola, a paisagem é de cortar a respiração. Vale a pena ficar por ali um bocado no sossego a observar, porque subir e descer cansa sempre as pernas.

Vamos para a próxima paragem?

30 de março de 2024

Páscoa feliz

E aqui estou eu para desejar a todos um ótimo domingo de Páscoa. Espero que estes dias tenham sido tranquilos e que passem um domingo com muita saúde e alegria.
 

28 de março de 2024

Almeida

Pertence ao concelho da Guarda e é sede de município. Está incluída na rede Aldeias Históricas de Portugal mas atualmente já é vila. Hoje falo de Almeida, a bonita localidade cuja missão de assegurar a proteção das fronteiras portuguesas foi cumprida ao longo de vários séculos.

Situada num planalto, toda a zona já seria habitada desde épocas remotas, sendo sucessivamente ocupada pelos vários povos que habitaram a região. Até que chegada à Idade Média, Portugal e o Reino de Leão disputaram-na, tendo esta zona sido pertence ora de um, ora de outro reino até o Tratado de Alcanizes em 1297 vir regulamentar a situação.

D. Dinis concedeu-lhe foral em 1296 estabelecendo Almeida como uma das mais importantes praças defensivas do país. É, aliás, o caracter defensivo de Almeida que a fez evoluir em tamanho e importância. Para além da fase do expansão e definição das fronteiras portuguesas, teve também um papel ativo no combate à invasão das tropas de Napoleão. Aliás, Almeida só deixou definitivamente de ter qualquer vínculo militar quando em 1927 foi retirado o último esquadrão de cavalaria.

Hoje, Almeida é uma bonita e tranquila vila, com muitos visitantes e ponto de passagem de muitos portugueses, uma vez que a fronteira de Vilar Formoso fica nas proximidades. Toda a vila mantêm o seu aspeto defensivo, proporcionado pelas muralhas que vistas de cima formam uma estrela cuja construção data do séc. XVII. Outra característica curiosa são as duas entradas intercaladas por uma zona de fosso, que hoje em dia tão são um dos ex-libris da vila.

Há também um museu instalado nas Casamatas, uma área protegida dentro das muralhas e que serviu de refugiu aos habitantes em épocas mais conturbadas. 

Mas comecemos a visita seguindo pela estrada que atravessa o rio Côa onde a natureza revela formas e cores e só se ouve o correr das águas.


Chegados a Almeida é altura de visitar umas das praças-fortes mais bem preparadas de antigamente. O visitante entra por uma porta que trespassa a muralha exterior, depois atravessa o fosso e passa por outra porta semelhante, até entrar dentro da vila.






Igreja matriz




Daqui é possível ver toda a área das Casamatas, o aglomerado de construções que serviu de refúgio e onde está atualmente instalado o museu.

Vista geral das Casamatas


Entrada para o museu

 
Não consegui visitar o museu porque estava exatamente na sua hora de almoço mas gostaria de o fazer numa próxima oportunidade.

E assim me despedi desta terra cujas amendoeiras já despontavam em flor. Gostaria de voltar com mais tempo, que ainda ficou muito para ver. 

Espero que tenham gostado do que vos trouxe hoje, se já conhecem, contem-me o que gostaram mais de ver nesta bonita localidade.